sexta-feira, 16 de julho de 2010

Brasil: Considerações Históricas, Avaliação Atual e Perspectivas da Esquerda para 2010

Quando aqui chegaram os portugueses, não tinham por objetivo construir uma colônia de povoamento, como aconteceu em países colonizados como Estados Unidos, Canadá e Austrália. Aqui, juntamente com toda América Latina e a África, se instalou uma colônia de exploração. E isso determinou toda nossa história, continua condicionando a realidade brasileira até nossos dias. Para citar um pequeno exemplo de como isso faz diferença no que diz respeito ao desenvolvimento, podemos confrontar a realidade do sul do Brasil, onde houve, em um segundo momento, grandes contingentes populacionais de imigração européia de povoamento, com a realidade nordestina, onde esse processo não aconteceu. Isso explica, em parte, a diferença nos níveis de riqueza, desigualdade e educação que marcam as diferenças entre o sul e o nordeste do Brasil até os dias de hoje.

Desde a época da conquista, nosso país tem uma história de exploração. As grandes potências da época, aliadas à elites conservadoras residentes em nosso país, implementaram um modelo produtivo que tinha por único objetivo explorar os recursos naturais e o trabalho do povo brasileiro para gerar riquezas para poucos bolsos: grande parte fora daqui, outra parte para as elites que aqui serviam de representantes locais dos interesses estrangeiros. No começo nossa metrópole foi Portugal, depois foi a Inglaterra, até pouco tempo atrás eram os Estados Unidos.

Mudavam planos econômicos, transformavam-se os regimes de governo, modificava a conjuntura internacional, mas a essência continuava a mesma. E a partir dessa lógica, que não é exclusividade do Brasil, um gigante no que diz respeito aos recursos naturais foi transformado em um dos campeões mundiais de desigualdade social. Ou seja, aqui a contradição do sistema capitalista se manifestou do modo mais intenso, gerando uma pequena elite que tem acesso a todas benesses do mundo moderno, convivendo ao lado de uma imensa massa de esfomeados. Não cabe aqui fazer uma análise exaustiva de todo esse processo histórico, apenas apontar alguns elementos que podem direcionar uma ação coletiva transformadora nesse ano eleitoral de 2010.

A sociedade brasileira, tanto no período colonial, quanto no Brasil império, baseava-se na exploração de mão de obra escrava. A economia era predominantemente agrária e estava voltada para a exploração de matérias primas. Desta forma, no final do século XIX e início do século XX, na contramão das lutas populares da Europa que propunham um novo modelo socioeconômico conhecido como comunismo, nossas elites, assim como boa parte de nossa “intelectualidade”, travaram a disputa pela instalação de uma república burguesa, relegando ao segundo plano qualquer modelo produtivo e social que visasse igualdade econômica e justiça social. Contribui significativamente para isso, o fato da inexistência de grandes contingentes proletários, pois como já assinalamos, nossa economia não era industrial, e sim agrária escravagista, constituindo uma barreira à discussão sobre o comunismo. Essas diferenças entre a sociedade brasileira e as sociedades européias industrializadas se manifestavam em tempos históricos distintos: as pessoas viviam realidades diferentes que se transformavam em ritmos bastante desiguais. No auge das atividades socialistas da Europa, aqui se lutava para que a terra deixasse de ser colônia, que se abolisse a escravidão e se firmasse como um país independente.

No início do século XX, com o advento da criação da República no Brasil, e logo após a primeira guerra mundial, o movimento operário, que sentiu mais sensivelmente a crise deflagrada no mercado mundial por conta da recessão a que se seguiu à guerra, iniciou sua organização. Em 1917, por conta dos baixos salários e das péssimas condições laborais, teve inicio um grande movimento grevista iniciado pelos tecelões paulistas que foi seguida por muitos operários. Apesar do forte esquema repressivo que causou a morte de um trabalhador, o movimento chegou a reunir cem mil pessoas em São Paulo. De 1917 à 1920 houveram mais de duzentas greves operárias no Rio de Janeiro e em São Paulo. Já em 1º de maio de 1919, o dia do trabalhador foi comemorado na Praça Mauá, com mais de 50 mil pessoas pedindo a redução da jornada de trabalho para oito horas.

Somente na década de 1920 as idéias socialistas tomaram fôlego no Brasil. Ajudou nesse processo a fundação do partido comunista em 1922 e a organização massiva dos operários buscando sindicalizarem-se. E no mesmo ano as agitações culturais trazidas à tona com o advento da Semana de Arte Moderna, que traduziam em seu bojo os ideais de igualdade social. Contudo, a república brasileira, forjada nas elites dominantes tupiniquins e inspirada nos republicanismos estadunidense e francês, não permitia levantes de cunho socialistas, combatendo com força extrema os grupos que com este ideário se identificassem.

Neste período, e apesar do forte esquema de repressão utilizado pelos governos que se sucederam, surgiram grandes movimentos revolucionários, que por vezes se confundiam ou confluíam para a esquerda no Brasil, dando vazão, por exemplo, à maior marcha que um exército empreendeu sobre a face da terra em outubro de 1924. A Coluna Prestes, primeiramente conhecida por Coluna Invencível, percorreu 25 mil quilômetros e atravessou 13 estados brasileiros. Foi perseguida por tropas governamentais de efetivo muito superior, travando incontáveis batalhas e infringindo grandes derrotas ao governo, até se retirar em 1927 para a Bolívia sem ter sido uma única vez derrotada. Apesar de não se declarar comunista ou mesmo socialista, a Coluna defendia ideais comuns aos socialistas e comunistas brasileiros da época. Com isso, contagiou os diversos movimentos de esquerda do país, bem como viria a inspirar mais tarde, através de seu grande líder, Luiz Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança (de quem a coluna empresta o nome), um ideário social, político e econômico identificado com o comunismo. O próprio Prestes acabaria se perfilando às fileiras comunistas pouco mais tarde.

Em outubro de 1930 a aliança liberal derrotou a chamada “Política do Café com Leite” que revezava no poder, os políticos de São Paulo e de Minas Gerais, os dois maiores colégios eleitorais e também os maiores produtores de café e leite. E isso conduziu Getúlio Vargas à Presidência do Brasil, dividindo o operariado brasileiro. De um lado trabalhadores que se mostravam sensíveis às medidas tomadas pelo governo Vargas, como a redução da jornada do trabalho para 8 horas e a instituição de leis trabalhistas que protegiam os trabalhadores. De outro lado perfilaram operários que entendiam que tais leis eram populistas, demagógicas e paternalistas e em nada contribuiriam para a emancipação dos trabalhadores.

Nesta mesma época, Prestes retorna de forma clandestina ao Brasil, já escolado no marxismo-leninismo e casado com a alemã Olga Benário. Juntamente com grande parte do Partido Comunista Brasileiro, adere à Aliança Nacional Libertadora (ANL), movimento recém fundado e formado majoritariamente por militares comunistas e socialistas insatisfeito com o Governo Vargas. Mesmo clandestino, é eleito Presidente de Honra da ALN, que se transforma na principal organização popular do país e que seria fechada e declarada ilegal pelo governo em 1935. Em novembro de 35, os comunistas inconformados com a perda de seu “instrumento de tomada do poder”, organizam o que seria conhecida como Intentona Comunista.

O levante fracassou e o governo Vargas utilizou habilmente este fato para acenar que um golpe comunista se avizinhava e desencadeou uma onda de repressão no Brasil, preparando o aparato estatal para um golpe político-militar, com o objetivo de instaurar no país uma ditadura. Exatos dois anos após a Intentona Comunista, Vargas dissolveu o congresso e instaurou um regime francamente ditatorial, intitulado Estado Novo. Prestes, Olga e os demais líderes da Intentona, assim como diversos intelectuais e políticos de oposição, foram presos e barbaramente torturados. Olga foi deportada para a Alemanha nazista, apesar de estar esperando uma filha do líder revolucionário e morreu em um campo de concentração nazista. O Estado Novo flertava com os regimes nazi-fascistas da Europa e por pressões estadunidenses, rompe com o Eixo e toma lado aos Aliados na Segunda Grande Guerra. Após o fim da barbárie mundial, Getúlio decide reformar o regime. Mas seu esforço foi inútil: Vargas foi deposto por um golpe militar em 1945 dando fim o Estado Novo.

Após a segunda guerra mundial, onde o mundo se digladiou no maior absurdo da história humana, duas potências saíram vitoriosas. De um lado os Estados Unidos, representando o Capitalismo de Mercado. De outro a União Soviética, onde Stalin consegue deturpar o marxismo e a utopia socialista para criar o Capitalismo de Estado e um dos regimes de maior repressão e crueldade do planeta. As duas potências que combateram o nazismo – uma versão da ideologia fascista que mescla um sistema produtivo capitalista nacionalista, desenvolvimentista e militarista com preconceito racial, religioso e sexual como política de estado – se transformaram nos impérios da época e dividiram o planeta sob sua influência. E todos os países que tentaram se libertar de seus domínios, seja de um lado ou seja de outro, tiveram seus povos massacrados.

Aqui em nosso continente não foi diferente. Para conter as revoluções socialistas que estavam em gênese, alimentadas pelo alinhamento ideológico com os ideais marxistas e com a União Soviética1, os Estados Unidos financiaram e organizaram ditaduras militares cruéis por toda América Latina. No Brasil, Vargas volta ao poder em 1950, para em 1954 suicidar-se e perpetuar o trabalhismo brasileiro como principal vertente política da época. Conduzindo assim, sucessão após sucessão, esse modelo como parâmetro ao governo central brasileiro. Desta forma, Juscelino Kubitschek é eleito presidente e leva a cabo a proposta de industrializar o país, transformando o Brasil em uma sociedade predominantemente urbana. As bases para uma revolução operária estavam finalmente estabelecidas com quase meio século de atraso em relação à Europa.

No começo dos anos 60, Jânio Quadros sucede Kubitschek, que pouco mais de seis meses depois viria a renunciar. Assumiu seu vice, João Goulart. Porém, a pressão dos políticos conservadores e dos chefes militares levaram o congresso a mudar o regime, instituindo o parlamentarismo, que duraria pouco, pois um plebiscito posterior restaurou o presidencialismo. Jango, apelido de João Goulart, era o herdeiro político de Vargas e pregava as “reformas de base” como saída para a grave crise econômica que o Brasil enfrentava, com sua inflação galopante e queda abrupta do poder aquisitivo do povo.

Os conservadores se inquietavam, e tais propostas de reformas davam margem ao discurso conservador de que se instauraria uma república sindical no Brasil, o que ajudou a inflamar os gorilas do alto comando militar a um golpe civil-militar em 31 de março 1964. Patrocinados pela elite conservadora brasileira e pelo império estadunidense, os militares depuseram Jango, fecharam as organizações de esquerda ou populares. Ainda determinaram a cassação de diversos políticos de esquerda ou que simplesmente se opunham ao regime civil-militar. O Congresso Nacional ficou capenga, perdendo seus mais combativos membros e passando a ser uma instituição que legitimava o golpe e o regime, elegendo de forma indireta os presidentes que os chefes militares designassem. Nessa época, tivemos um dos maiores indíces de crescimento econômico de nossa história, mas a riqueza continuou concentrada em poucas mãos, aumentando ainda mais a desigualdade social de nosso país.

Tais características da política econômica da ditadura tiveram conseqüências nefastas: as condições de vida e de trabalho no campo pioraram e a população passou a emigrar, em ritmos cada vez mais desesperados, para as grandes cidades, o que resultou num aumento vertiginoso da população urbana favelada. Outra característica marcante dos anos de chumbo, ainda na área econômica, foram os incentivos adotados para promover a modernização do capitalismo, abrindo caminho para o crescimento do capital especulativo, resultando no aumento vertiginoso da dívida externa do Brasil.

O regime ditatorial civil-militar que se iniciou em 64 teve sua fase mais dura a partir de 68, quando foi baixado o AI5 (Ato Institucional Número Cinco) que tornou as prisões arbitrárias em assunto de segurança nacional, avolumando o número de pessoas presas, torturadas e assassinadas, instrumentalizando os aparatos repressivos e instituindo um regime de terror e sangue. Mas como a ditadura começou a perseguir indiscriminadamente pessoas das mais diversas matrizes ideológicas, acabou por desagradar grandes setores da sociedade, em especial parte da classe média que havia apoiado o golpe e financiado o regime de loucura aqui instaurado.

Como o regime havia “eliminado a praga comunista”, que era seu principal objetivo, através de seu aparato de torturas e prisões arbitrárias, bem como o chamado milagre econômico não era sentido pela maioria da população, o regime acabaria perdendo o pouco apoio popular e econômico de que dispusera. Já na década de 70 começaria a sofrer grandes derrotas eleitorais. Um dos principais articuladores do golpe de 64, o Ministro Golbery, que dentre tantas “maquinações” havia criado o chamado senador biônico, que era indicado pelo presidente para manter uma maioria no senado, ficaria encarregado agora de construir uma abertura política lenta, segura e gradual preparando assim a volta dos gorilas e seus tanques aos quartéis, deixando um país com economia fraca e extremamente dependente social, cultural e economicamente das potências estrangeiras.

Em 1984, o último capitulo do golpe foi encenado, elegendo indiretamente – mesmo depois de grandes manifestações populares pedindo eleições diretas: o movimento pelas Diretas Já – para presidir o Brasil o então senador Tancredo Neves, que antes mesmo de assumir viria a falecer deixando o cargo para o seu vice, José Sarney. Vale a pena notar que ambos fizeram parte da base de apoio do governo militar e em tempos distintos saíram em direção ao MDB, partido de oposição consentida pelo regime.

Com esses acontecimentos internos, a queda do muro de Berlim e a bancarrota da União Soviética, os espaços começaram a se abrir para a democracia em nosso continente. E dentro desse processo histórico, alimentados pela força que foi acumulada pelo sindicalismo no ABCD paulista com outros diversos movimentos sociais, surge a gênese do Partido dos Trabalhadores, que se transformaria no maior e mais importante partido de esquerda da América Latina. O PT ajudou a consolidar a democracia em nosso país, serviu e serve de exemplo de luta social para diversos povos oprimidos em nosso continente.

Esse partido, canalizando em sua organização a inquietação da classe trabalhadora, esteve ao lado de outras forças políticas progressistas e participou ativamente da liderança do movimento pelas Diretas Já. Assim, ajudou no processo de organização que culminou com o povo nas ruas pressionando os militares a deixarem o poder e manifestando-se pelas eleições diretas. A oposição aos militares apresentou uma emenda constitucional que previa eleições diretas já em 84. Tal emenda foi rejeitada pelo Congresso Nacional e com isso o PT se recusou a participar do ilegítimo colégio eleitoral.

Desde a sua fundação, o PT agregou vários setores desfavorecidos da sociedade brasileira em seu seio e começou a disputar o poder no plano institucional, nascendo diretamente dos anseios da classe trabalhadora, dos movimentos sociais e dos oprimidos. Mesmo assim, a democracia ainda incipiente e com todas contradições que possui em um sistema produtivo capitalista, permitiu que o Fernando Collor de Mello, representando um setor oligárquico da elite nordestina, assumisse a Presidência da República com promessas vazias.

E um país que vinha de um processo colonizador exploratório cheio de contradições ao longo de séculos, que tinha passado pelas ditaduras varguistas, posteriormente por uma ditadura civil-militar financiada e apoiada pela CIA e pelo governo estadunidense, abriu as portas para o neoliberalismo. O Governo Collor, em sua reestruturação conservadora, abriu a frágil economia brasileira para o mercado externo, destruiu a incipiente indústria nacional e fomentou a competividade como valor inquestionável em nossa sociedade. Confiscou a poupança da sociedade brasileira e, perdido e pressionado em meio à denúncias massivas de corrupção, é retirado do poder. Vale a pena frisar o papel dos estudantes brasileiros que saíram às ruas com suas caras pintadas para novamente mostrar que o povo não é bobo. E que quando unido, tem força incrível!

O vice-presidente Itamar Franco assume o poder com o país mergulhado em uma inflação galopante, que chegou a ser inacreditável para economistas do mundo todo, já que muitos deles acreditavam que tamanho indíce inflacionário era impossível de manter qualquer economia em movimento. E dando fim a uma série de planos econômicos dos mais escabrosos possíveis, nasce a gênese do Plano Real. Seu ministro da fazenda, Fernando Henrique Cardoso, é eleito presidente tendo esse plano como mote de campanha. E o PT comete um erro histório ao não apoiar o Plano Real, já que quem mais sofre com a inflação são os pobres e perde mais uma eleição. No primeiro mandato de seu governo, Fernando Henrique consegue estabilizar a economia, articula sua reeleição e consegue mais uma vez ser eleito, tendo as conquistas do Plano Real lhe servindo novamente para seu sucesso eleitoral. E começa um dos maiores descalabros da nossa história.

O segundo mandato de Fernando Henrique foi um crime. O seu governo sucateia o Estado brasileiro e privatiza tudo que é possível. O “grande” sociólogo brasileiro, reverenciado academicamente nos quatro cantos do mundo, esquece tudo que escreveu e entrega a “preço de banana” a maior parte do patrimônio construído com o suor do povo brasileiro. As privatizações brasileiras acabam sendo o gosto amargo do receituário neoliberal e o partido que se dizia social-democrata se mostra longe de ser democrata, evidencia que nada tem de social.

Chegou ao absurdo de um país que era considerado um dos maiores modelos mundiais de producão energética, tendo em suas usinas hidroelétricas e na produção de álcool uma matriz praticamente inigualável, a uma crise energética sem precedentes. Com as privatizações, quis transformar os cidadãos em clientes, já que o neoliberalismo só tem relação com agentes econômicos, não com cidadãos. E só é cliente quem tem dinheiro, não quem tem direito. E enfim, com o descalabro econômico e social que foram os anos FHC para a sociedade brasileira, é eleito a maior liderança do Partido dos Trabalhadores e o maior representante da classe trabalhadora desse país como Presidente da República: Luis Inácio Lula da Silva.

Nunca podemos deixar de fazer emergir as contradições, apontar os equívocos de qualquer governo. E em um sistema capitalista e as caóticas relações de força que se articulam sobre sua base produtiva, qualquer governo terá muitos. Com o governo do PT não foi diferente, já que setores conservadores se aliaram ao governo e impediram maiores avanços. Mas ao mesmo tempo, aqui estamos para gritar em alto e bom tom que esses oito anos nós tivemos o maior estadista contemporâneo do mundo liderando nosso país. Nós tivemos o melhor governo da história do Brasil. Nós construímos esse governo também, ao lado do povo, das mulheres, dos descamisados, dos indígenas, dos negros, dos movimentos sociais, de todos aqueles que ficaram fora do palco durante toda nossa existência enquanto nação.

Nós voltamos a nos orgulharmos de sermos brasileiros. Nós que éramos considerados um país de quinta categoria somos hoje uma das maiores potências econômicas do planeta. Nós que éramos devedores do FMI hoje somos credores. Na maior crise econômica dos anos recentes fomos o último país a entrar, o primeiro país a sair. Nós descobrimos uma reserva imensa de petróleo chamada de Pré-Sal, a maior dos últimos tempos, a partir dos investimentos na Petrobrás, que estava também para ser totalmente privatizada nos anos FHC. Se seguirmos com essa política desenvolvimentista, com distribuição de renda e possibilitando que as classes menos favorecidas sejam cada vez mais inseridas na classe média e aumentem seu poder aquisitivo, há previsões de que sejamos em alguns anos a quinta maior economia do mundo.

Pela primeira vez na história temos um membro do povo como presidente, um ser humano que ama esse país, que fala com seus representados como um igual, que luta diariamente para erradicar não apenas a fome no país, mas no mundo. E a maior contradição foi que mesmo para grande parte da elite, que sempre disse que o PT era um partido de oposição, que não poderia gerir o país, mostramos a eles que quem não sabe administrar são eles, que gerir no plano coletivo só pode ser para o coletivo, que estamos cansados de intelectualóides que vem aqui representar interesses que não são o de nosso povo.

Tiramos 20 milhões de pessoas da pobreza, inserimos 32 milhões de pessoas na classe média, inserimos novos valores em uma sociedade que tinha perdido as referências, que se pautava pelo mercado como ente fundamental, que tinha substituído sua diversidade de crenças e concepções pelo fundamentalismo neoliberal. Estamos no meio de uma revolução silenciosa, que sem fomento de ódio e sem matança, estamos todos nos transformando, dando um exemplo ao mundo todo do que é ser brasileiro, do que é ser democrático, do que é ser um país de todos.

O mundo hoje nos olha, espera de nós um caminho. A social-democracia européia afunda, o neoliberalismo estadunidense e seu império de guerra não convence mais ninguém, o crescimento chinês que devasta o meio ambiente não é a solução. E aqui temos um governo que está longe da perfeição, mas que é um sucesso. Nossa política externa é um exemplo, nossas políticas econômicas e sociais são admiradas no mundo todo, a alegria de nosso povo é comentada em toda parte. Nossas universidades hoje têm negros, indígenas, pobres. Os maiores impactos ainda estarão por vir, estão em gênese, quando todos esses que hoje podem comer irem estudar, quando esses que hoje estudam puderem produzir conhecimento. E a nós, nós que somos movimento social, cabe uma missão.

Nós temos que eleger Dilma Houssef, mostrar a todos que o Governo Lula é o Governo do PT. Que não se faz o que se quer, mas o que se pode, mas que esse poder vem do querer. Que herdamos uma história e agimos em cima disso. Nós, que temos a práxis transformadora como referência de ação, sabemos que no plano das idéias cabe tudo, mas que é preciso agir coletivamente com base na realidade concreta. Que não fizemos mais porque a correlação de forças não permitiu. Que queremos ainda mais mudanças, que queremos nos fortalecer para um dia não precisarmos mais nos aliar com esses setores de morte, com esses conservadores que compõem conosco apenas porque amam o poder, mas não amam nosso povo, não amam a vida que cresce nesse território lindo que chamamos de Brasil.

Nós sabemos que não adianta apenas eleger um presidente. Sabemos que precisamos eleger nossa presidente, que precisamos eleger parlamentares, governadores e prefeitos progressistas. Sabemos que precisamos ter os movimentos sociais fortalecidos, que precisamos ter nossos militantes nas ruas, que precisamos formar novas lideranças, precisamos aprofundar ainda mais a distribuição de renda, precisamos urgente de uma reforma agrária, precisamos cuidar dos nossos recursos naturais. E que não podemos, de jeito nenhum, deixar os exploradores voltarem, aqueles que não tem compromisso com nossa gente, com nosso povo, com nossa terra. Precisamos nos unir, ajudar os países e povos no planeta a se emanciparem, acabar com a fome, com a guerra, com o preconceito. Precisamos de modo urgente fazer reformas políticas, de comunicação, todas possíveis que forem do povo e para o povo. Precisamos fortalecer o PT, precisamos desmistificar o que a mídia raivosa fez, precisamos mostrar que nosso presidente é genial, mas que só fez o que fez porque tinha o PT como referência e apoio.

Em 2010 teremos uma disputa. Irão haver debates, mentiras e lutaremos contra uma chuva de informações distorcidas. Muitos intelectualóides irão se vender para criar belos discursos para eleger aqueles que venderam nosso patrimônio. A mídia de massa, capitaneada pela Revista Veja e Rede Globo, já estão em campanha. Querem nos fazer acreditar que Lula fez tudo sozinho, até porque não conseguem mais negar o sucesso que foi esse governo. E vão querer fazer crer que o PT está acabado, que o PT não tem nada que ver com isso. E nós iremos ser o contraponto.

Nós vamos mostrar que a força está no coletivo, que sozinho ninguém faz milagres. Vamos mostrar que a coalizão liderada pelo PT é a única capaz de manter e aprofundar as conquistas desse governo. Vamos mostrar que os que se travestem de novos são os velhos, que não tem muita diferença daqueles que aqui chegaram para serem lenhadores de nosso pau-brasil, daqueles que trouxeram nossos irmãos africanos para serem escravos aqui, daqueles que destruíram a natureza e a cultura dos nossos irmãos indígenas que aqui viviam. Vamos mostrar que se não estudamos, foi porque esses exploradores não nos deram condições. Mas que com os fatos e a realidade, não há argumentos nem pseudo-teorias que a modifiquem.

E a realidade para nós é essa: o Governo do PT foi o melhor governo da história desse país, o Governo do PT iniciou uma revolução democrática em nosso país, podemos avançar ainda mais e dar um exemplo ao mundo do que é desenvolvimento econômico com transformação social, iremos mostrar ao mundo que é possível crescer sem destruir nosso planeta. E que aqui em nossa terra, já nasceu a esperança, as sementes estão plantadas e pode nascer um exemplo para o mundo de um novo modelo de desenvolvimento: uma sociedade socialista, sustentável e pela Vida.

Vamos eleger Dilma Houssef, vamos eleger nossos parlamentares, vamos eleger nossos governadores. E vamos para as ruas comemorar com nosso povo, vamos nos fortalecer e estar com os movimentos sociais, com os sindicatos, com todos aqueles coletivos e sujeitos que querem mudanças reais, não apenas maquiagem ou reformas ilusórias. Vamos construir esse governo, vamos construir essa nação, vamos pressionar para transformar ainda mais, vamos para luta construir essa sociedade do futuro juntos, vamos ser sujeitos ativos e coletivos construtores da nossa própria história!

1A União Soviética nunca foi socialista, embora a revolução liderada por Lênin e Trotski tinha esse ideal em seu início. Um sistema produtivo e social em que o poder continuava concentrado em uma minoria que mantinha o domínio de outras classes através da posse dos meios de produção, de um regime de terror e da burocracia estatal não pode ser considerado socialista. Stalin e o grupo que o apoiou conseguiram deturpar o marxismo de um modo que chega a ser cômico, caso não tenha sido trágico.

*Texto produzido e aprovado em junho de 2010 pelos membros do Movimento Pela Manifestação das Forças da Vida (MOVIDA) e da Associação pela Nova Cultura (ANC), movimentos que são constituídos majoritariamente por membros do Movimento de Ação e Identidade Socialista do PT (MAIS PT) e Movimento MUDANÇA.
fonte:http://novacultura.blog.br/?p=125

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